quarta-feira, 28 de maio de 2014

Documentário sobre Educação em Saúde

Pessoal, apesar de todas as dificuldades, vamos em frente com a disciplina!

Como deveria ser uma ação educacional voltada para a Promoção da Saúde, baseada na autonomia? O vídeo "Paulo Freire Contemporâneo", sobre a vida e obra do educador brasileiro Paulo Freire, aponta uma direção.





Como primeira tarefa da nossa "paralisação ativa", assistam o vídeo e comecem (ou continuem, para quem já começou) o seu caderno de campo da disciplina a partir dele. Claro, será ótimo se pudermos desenrolar a discussão por aqui também!

Para ajudá-los um pouco na reflexão sobre o vídeo, elaboramos quatro questões norteadoras:

1) A pedagogia freireana tem como um dos objetivos “ensinar a ser mais, mais humano e ter mais qualidade como gente”. Que impacto isso pode ter na vida das pessoas? Isso tem a ver com promoção da saúde? Reflita e interprete os relatos dos educandos que aparecem no documentário, as próprias experiências ou de pessoas que você conhece.

2) A pedagogia freireana tem como uma de suas bases a concepção de que o educando é sujeito do próprio aprendizado. Nessa perspectiva, discuta de que forma é possível uma ação educacional voltada à promoção da atividade física?

3) No final do vídeo é trazida a possibilidade de uma ecopedagogia utilizando o ideário freireano. Há relação com o ideário da promoção da saúde? Por quê?

4) O profissional de Educação Física assume o papel de educador em diversas de suas funções profissionais, mesmo fora da Educação Física escolar. Aponte que trechos, falas, conceitos, ideias etc. no documentário chamaram a sua atenção e discuta como eles afetam a sua forma de ação atual (como estudante) e futura (como profissional) na Educação Física?

Lembrem-se que no documento da disciplina há diversas referências (da 10 a 17) que podem ajudá-los a entender melhor o assunto.

5 comentários:

  1. Maíra Teixeira da Silva10 de junho de 2014 às 09:04

    A partir do documentário, percebi que uma pessoa com mais qualidade se conhece melhor e se apropria melhor das circunstâncias que a vida apresenta. Parece-me que isso dá mais autonomia e liberdade de ver as coisas, o que aponta novos caminhos, ou novas inquietações que a farão andar rumo ao novo, a alguma forma de conhecimento, seja formal ou não. O documentário mostrou a mudança positiva na vida dos educandos, o empoderamento diante de questões que antes os subjugavam, como negociar ou perguntar algo no banco, na hora de escolher um trabalho.
    Autonomia me parece absolutamente indissociável da promoção à saúde, porque ser dono de suas escolhas, saber equilibrar e escolher as influências que compõem a nossa vida, pode nos levar a uma vida de por quês. Segundo Freire, o por quê e essas inquietações, especialmente as políticas, podem ser a base de tudo em uma vida de aprendizado, nos fazem avançar. Eu entendo todo esse processo como promoção à saúde.

    A pedagogia freiriana, neste caso, se aproxima do curso Educação Física e Saúde pensado pela Each. A proposta é a de de “encaixar” a atividade física no dia a dia das pessoas, adaptando a rotina de pessoas sedentárias com um planejamento e desenvolvimento da vida com base no movimento não automático, inserindo práticas que incluam atividade física em funções cotidianas. Nesse contexto, temos de pensar sempre como solucionar questões como falta de tempo, de segurança, de dinheiro, para estimular as pessoas a fazerem atividade física, buscando uma relação cordial e saudável com o corpo. Treinando o corpo para atividade, sendo ele, o corpo, um meio de obter saúde física, qualidade de vida, saúde mental, espiritual. A atuação do sujeito como protagonista faz parte desse aprendizado de planejar a vida dentro de uma lógica de bem-estar, que inclui escolha de estilo de vida, de hábitos etc.

    Muitas falas me tocaram no vídeo, seja dos alunos, professores da escola rural, do próprio Paulo Freire e quem trabalhou com ele. Tem um trecho que Freire diz algo que muda a ótica de tudo: “Foi aprendendo que percebemos ser possível ensinar”. Isso mostra que o conhecimento é vivo, precisa ser cultivado, adaptado às realidades. Não há uma fórmula, uma técnica absolutamente fechada. Assim como a promoção à saúde é a construção de algo com base no cenário, no público, na vida, nas possibilidades, a educação, o aprendizado e o ensinamento também devem ter essa flexibilidade de se fazer acertos no meio do processo. Tudo pode mudar, melhorar ou piorar. Isso vai depender da maneira como as pessoas vão conduzir seus processos e os gestores, seu programas.

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    1. Muito bacana suas reflexões e respostas sobre o vídeo, Maíra! Lendo-as, tive a seguinte consideração sobre a questão 2: numa ação educacional de promoção da atividade física, será que temos que mostrar como encaixar a atividade física e adaptar a rotina das pessoas ou dar condições para que elas percebam o que é, o que determina e o que significa a atividade física no cotidiano delas? Será que a primeira proposta não se contrapõe à ideia de ter o sujeito como protagonista do próprio aprendizado? O mesmo podemos nos questionar sobre o treinamento do corpo: dependendo de como ele é conduzido, esse processo pode tanto gerar padrões estereotipados de movimento (e, portanto, com redução da autonomia dos educandos) como permitir que os educandos tenham mais liberdade para se movimentar como querem. Nesse sentido, o corpo e o movimento não seriam entendidos como meios de se obter saúde, mas de se relacionar com o mundo e de realizar aquilo que se quer fazer (não no sentido de impulsividade, mas de uma decisão autônoma).

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    2. Quanto ao texto que você produziu, Maíra, só queria acrescentar algo às considerações do Leandro:

      "A partir do documentário, percebi que uma pessoa com MAIS QUALIDADE se conhece melhor e se apropria melhor das circunstâncias que a vida apresenta. Parece-me que ISSO DÁ mais autonomia e LIBERDADE de ver as coisas, o que aponta novos caminhos, ou novas inquietações que a farão andar rumo ao novo, a alguma forma de conhecimento, seja formal ou não. O documentário mostrou a mudança positiva na vida dos educandos, o empoderamento diante de questões que antes os subjugavam, como negociar ou perguntar algo no banco, na hora de escolher um trabalho."

      Aqui será que a questão não é mais educação em vez de qualidade?

      E eu mudaria uma coisinha: a educação pode estimular a autonomia (e ajudar a pensar mais e melhor, a ponderar mais, se estimular o autoconhecimento e o conhecimento da realidade em que se vive) e para isso é preciso que haja liberdade: de falar, de pensar, de discordar, de escolher (inclusive formas de tratamento e práticas de af).

      Beijo e super obrigada!

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    3. Maíra Teixeira da Silva10 de junho de 2014 às 09:27

      Só tem uma coisa, eu acho que tem pessoas que não querem autonomia, querem pensar da maneira mais fácil e seguir uma corrente sem pensar muito, por mil motivos. De certa forma, me parece uma escolha pela não "problematização" para usar as palavras do Paulo Freire. É mais fácil não pensar, não problematizar, não se educar. E a sociedade usa isso o tempo todo para conduzir as pessoas, no sentido negativo. Mas vejo muita gente também atrás de um conhecimento libertador, que deve levar à autonomia. Assim espero :-)

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    4. Olha só... até quando a pessoa não quer assumir as suas responsabilidades o que está em jogo é assumir ou não a autonomia. Em Kant, o termo heteronomia explicita o fato de que a pessoa, agindo com base nos seus desejos e não na sua vontade, sente-se tomando decisões por si própria quando, na verdade, age de maneira heterônoma, ou seja, subserviente e dominada, muitas vezes por seus "desejos"... no fim é isso. Não sei se é mais cômodo, mas sem dúvida é uma postura imatura e infantil, porque agir de maneira autônoma é, antes de mais nada, pensar, refletir, ponderar, relativizar, fazer escolhas, levar a cabo e assumir as consequências... é trabalhoso mesmo...

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