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5:
Quando
falamos em pesquisas qualitativas, logo nos remetemos ao método que será
utilizado para realizá-las e esse questionamento deve ser feito previamente,
durante e após o processo de coleta de informações, isso justamente pela
abrangência e complexidade que este tipo de pesquisa aborda.
As
pesquisas qualitativas trabalham inclusive com dados quantitativos, porém,
trazem diversos outros elementos que possam enriquecer as discussões e propor
soluções mais efetivas para a resolução dos problemas apresentados.
Muitas vezes quando olhamos algumas situações,
logo propomos soluções e abordagens que não funcionam, isso porque não olhamos
para a real complexidade da situação, apenas “tiramos uma foto” do que está
sendo apresentado.
Esta
abordagem está errada, pois ela desconsidera a razão de ser, ou ter se tornado
daquela forma, assim sendo, sem saber nada sobre o objeto de pesquisa, não é
possível propor soluções eficazes.
René
Descartes propõe uma visão tecnicista, onde as pessoas são entendidas como
peças que compõe o sistema, assim como um relógio. Porém este modelo de
entendimento desconsiderada elementos fundamentais, como a construção do “ser”,
desfavorecendo o real entendimento da realidade proposta, e seus elementos que
interagem.
Este
cenário se reflete em diversos meios, como é o caso das unidades básicas de
saúde, onde, usualmente, os funcionários tem que exercer um papel de
pesquisadores para propor soluções, alguns destes funcionários adotam a visão
preventiva da saúde pública, isso acarreta uma resolução pouco efetiva para os
problemas apresentados, por não buscar a fundo e individualizando o tratamento
para cada pessoa.
Desta
forma devemos pensar em um trabalho prévio, antes de nos preocuparmos com o
público, devemos entender que quem trabalha para resolver os problemas nas USS
são pessoas que também possuem suas próprias necessidades, sendo assim, a
resolução para o público atendido pelas UBS antecede a proposição de medidas
para com a sociedade, necessitando a formação e capacitação de quem vai
intervir diretamente com a sociedade.
Então
podemos entender que um problema, tem motivos diretos e indiretos, assim sendo
é necessária a pesquisa qualitativa para entender mais a fundo o cenário que
ele está inserido e os motivos de ser.
É
claro que para entendermos melhor estas questões temos que observá-las com um
olhar diferenciado, buscando sempre entender como o sistema funciona, para
fazer isso temos que entender bem as pessoas que fazem parte dele e suas
individualidades (ambientes frequentados, histórico de vida, experiências
prévias, personalidades, etc) isso acaba compondo um cenário geral de como é o
modelo correto de intervenção, tornando possível a melhoria dos sistemas
individualmente e de forma integrada.
O pesquisador deve deter as
ferramentas para coletar as informações relevantes, propondo assim
intervenções, além de ser “sensível” a questões que possam passar despercebidas,
esta “sensibilidade” é adquirida com a experiência e olhar crítico provenientes
do aprendizado.
Concluindo a discussão, as
medidas que são tomadas para a prevenção e promoção em saúde, são proporcionais
às ferramentas que o pesquisador detém e sua capacidade de interagir de forma
crítica e consciente com elas. Então, tentar utilizar o método, porém não ser
capaz de fazer uso de suas potencialidades, pode ser mais ineficaz do que fazer
uso de um que está descontextualizado.
Referências:
CANESQUI, Ana Maria. Os estudos de antropologia da saúde/doença no Brasil
na década de 1990. Departamento
de Medicina Preventiva e Social, Faculdade de Ciências Médicas, Unicamp.
Ciência e saúde coletiva, 8 (1): 109-124, 2003.
SCHMIDTH, Maria Luisa SandovaL; NEVES, Tatiana Freitas Stockler. O
trabalho do agente comunitário de saúde e a política de atenção básica em São
Paulo, Brasil. Cadernos
de Psicologia Social do Trabalho, 2010, vol. 13, n. 2, pp. 225-240.
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