sábado, 22 de junho de 2013

A pesquisa qualitativa: o pesquisador como instrumento e as pesquisas na PS

Grupo 5:

Quando falamos em pesquisas qualitativas, logo nos remetemos ao método que será utilizado para realizá-las e esse questionamento deve ser feito previamente, durante e após o processo de coleta de informações, isso justamente pela abrangência e complexidade que este tipo de pesquisa aborda.
As pesquisas qualitativas trabalham inclusive com dados quantitativos, porém, trazem diversos outros elementos que possam enriquecer as discussões e propor soluções mais efetivas para a resolução dos problemas apresentados.
 Muitas vezes quando olhamos algumas situações, logo propomos soluções e abordagens que não funcionam, isso porque não olhamos para a real complexidade da situação, apenas “tiramos uma foto” do que está sendo apresentado.
Esta abordagem está errada, pois ela desconsidera a razão de ser, ou ter se tornado daquela forma, assim sendo, sem saber nada sobre o objeto de pesquisa, não é possível propor soluções eficazes.
René Descartes propõe uma visão tecnicista, onde as pessoas são entendidas como peças que compõe o sistema, assim como um relógio. Porém este modelo de entendimento desconsiderada elementos fundamentais, como a construção do “ser”, desfavorecendo o real entendimento da realidade proposta, e seus elementos que interagem.
Este cenário se reflete em diversos meios, como é o caso das unidades básicas de saúde, onde, usualmente, os funcionários tem que exercer um papel de pesquisadores para propor soluções, alguns destes funcionários adotam a visão preventiva da saúde pública, isso acarreta uma resolução pouco efetiva para os problemas apresentados, por não buscar a fundo e individualizando o tratamento para cada pessoa.
Desta forma devemos pensar em um trabalho prévio, antes de nos preocuparmos com o público, devemos entender que quem trabalha para resolver os problemas nas USS são pessoas que também possuem suas próprias necessidades, sendo assim, a resolução para o público atendido pelas UBS antecede a proposição de medidas para com a sociedade, necessitando a formação e capacitação de quem vai intervir diretamente com a sociedade.
Então podemos entender que um problema, tem motivos diretos e indiretos, assim sendo é necessária a pesquisa qualitativa para entender mais a fundo o cenário que ele está inserido e os motivos de ser.
É claro que para entendermos melhor estas questões temos que observá-las com um olhar diferenciado, buscando sempre entender como o sistema funciona, para fazer isso temos que entender bem as pessoas que fazem parte dele e suas individualidades (ambientes frequentados, histórico de vida, experiências prévias, personalidades, etc) isso acaba compondo um cenário geral de como é o modelo correto de intervenção, tornando possível a melhoria dos sistemas individualmente e de forma integrada.

O pesquisador deve deter as ferramentas para coletar as informações relevantes, propondo assim intervenções, além de ser “sensível” a questões que possam passar despercebidas, esta “sensibilidade” é adquirida com a experiência e olhar crítico provenientes do aprendizado.
Concluindo a discussão, as medidas que são tomadas para a prevenção e promoção em saúde, são proporcionais às ferramentas que o pesquisador detém e sua capacidade de interagir de forma crítica e consciente com elas. Então, tentar utilizar o método, porém não ser capaz de fazer uso de suas potencialidades, pode ser mais ineficaz do que fazer uso de um que está descontextualizado.

Referências:
CANESQUI, Ana Maria. Os estudos de antropologia da saúde/doença no Brasil na década de 1990. Departamento de Medicina Preventiva e Social, Faculdade de Ciências Médicas, Unicamp. Ciência e saúde coletiva, 8 (1): 109-124, 2003.
SCHMIDTH, Maria Luisa SandovaL; NEVES, Tatiana Freitas Stockler. O trabalho do agente comunitário de saúde e a política de atenção básica em São Paulo, Brasil. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 2010, vol. 13, n. 2, pp. 225-240.


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