quinta-feira, 26 de abril de 2012

Educação para a saúde - aula 26/04/12

                                    

                  A Educação para a Saúde, baseada nas modernas concepções pedagógicas (á luz da Teoria da Libertação), é pautada num método que irrompe com os paradigmas doravante elencados da Pedagogia Tradicional. O indivíduo, sujeito das condições de saúde, deve sair do tradicional polo passivo, onde se transveste numa situação de mero "recebedor" da assistência médica, transpassando para o polo ativo, ou seja, atuando como verdadeiro agente de sua própria saúde.

                 Dessa forma, a construção de um conhecimento que forme uma estrutura básica de Educação para Saúde acarreta uma formação mais harmônica quando ocorre pautada num processo dialógico e dialético entre o agente de saúde e a população. A construção crítica do indivíduo educado para a saúde deve ter, entrentanto, noções de conhecimentos básicos adquiridos com as vivências experimentadas durante a sua vida. Além do conhecimento adquirido, o indivíduo deve, realmente, entender e compreender os conceitos básicos necessários à promoção da saúde. Sem a incorporação desses conceitos fundamentais, o indivíduo não terá capacidades mínimas de tomar uma atitude solitária em prol de sua saúde.
                A Educação para a Saúde preceitua um trabalho muito mais extenso e profundo do que a mera transmissão de prognósticos. Preceitua um processo de diálogo, de acompanhamento e de condução para a formação do conhecimento crítico do indivíduo. Vigotski já alertava sobre a necessidade do conhecimento ser produzido pela linha dialógica, ou seja, pela troca de ideias através do embate teórico, conduzindo as pessoas a desenvolverem "per si", um raciocínio de foro íntimo para praticar atitudes direcionadas à criação de hábitos de vida mais saudáveis.
                A Educação para a Saúde também pressupõe que o conhecimento irrompa a mera construção teórica, atingindo o campo da ação, ou seja, que seja praxiológico. De nada adianta deter as informações sobre uma vida saudável se o próprio indivíduo não acredita nos valores abstraídos e, mais do que isso, não coloca as atitudes no campo prático. Nesse diapasão, a consciência permeia diretamente a formação crítica para que o conhecimento adquirido seja um instrumento de transformação, formando realmente o que deve ser um processo educacional: uma perene aquisição de conhecimentos que permita ao sujeito uma constante transformação de hábitos, de atitudes, de critérios e, principalmente, de ações - representação concebida por Paulo Freire em sua Teoria Crítica da Libertação.
               Dessa forma, no campo da Saúde, os conceitos de incorporação da Educação para a Saúde são debatidos nos textos de apoio 10, 11, e 12. No texto 10, são apresentadas diversas formas de pedagogia, comparando-as com a formação de um conceito para a educação em saúde - fica clarificado que a pedagogia crítico-libertadora apresenta um melhor caminho, visto que apenas não se limita á informar, mas, á formar um indivíduo para que tenha uma autonomia e atitude diferenciada para se tornar um agente de transformação, tanto da sua saúde como das pessoas que o cercam. No texto 11, a professora Nelly apresenta as formas como a Educação para a Saúde deve ser realizada, aproveitando as interações positivas que podem ser idealizadas entre os ambientes e as organizações que promovem a saúde - nesse contexto, o Educador Físico tem um papel diferenciado, justamente por poder atuar em todo o contexto: no diálogo para a formação, na intervenção e na formação de um espírito autônomo e crítico do praticante, que passa a ter uma consciência de escolha de suas atitudes. Por fim, o texto 13 explora a necessidade real de transformação do indivíduo no processo de Educação para a Saúde, para que o mesmo não dependa dos modelos exôgenos (externos) para a manutenção de sua qualidade de vida - ele é seu próprio agente transformador.

A seguir segue um vídeo clipe do cantor e compositor Gabriel O Pensador, se atentem a letra da música e reflitam:


Até Quando?

Gabriel O Pensador

Não adianta olhar pro céu
Com muita fé e pouca luta
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer
E muita greve, você pode, você deve, pode crer
Não adianta olhar pro chão
Virar a cara pra não ver
Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus
Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer!
Até quando você vai ficar usando rédea?!
Rindo da própria tragédia
Até quando você vai ficar usando rédea?!
Pobre, rico ou classe média
Até quando você vai levar cascudo mudo?
Muda, muda essa postura
Até quando você vai ficando mudo?
muda que o medo é um modo de fazer censura
Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!!)
Até quando vai ficar sem fazer nada?
Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!!)
Até quando vai ser saco de pancada?
Você tenta ser feliz, não vê que é deprimente
O seu filho sem escola, seu velho tá sem dente
Cê tenta ser contente e não vê que é revoltante
Você tá sem emprego e a sua filha tá gestante
Você se faz de surdo, não vê que é absurdo
Você que é inocente foi preso em flagrante!
É tudo flagrante! É tudo flagrante!!
A polícia
Matou o estudante
Falou que era bandido
Chamou de traficante!
A justiça
Prendeu o pé-rapado
Soltou o deputado
E absolveu os PMs de Vigário!
A polícia só existe pra manter você na lei
Lei do silêncio, lei do mais fraco
Ou aceita ser um saco de pancada ou vai pro saco
A programação existe pra manter você na frente
Na frente da TV, que é pra te entreter
Que é pra você não ver que o programado é você!
Acordo, não tenho trabalho, procuro trabalho, quero trabalhar
O cara me pede o diploma, não tenho diploma, não pude estudar
E querem que eu seja educado, que eu ande arrumado, que eu saiba falar
Aquilo que o mundo me pede não é o que o mundo me dá
Consigo um emprego, começa o emprego, me mato de tanto ralar
Acordo bem cedo, não tenho sossego nem tempo pra raciocinar
Não peço arrego, mas onde que eu chego se eu fico no mesmo lugar?
Brinquedo que o filho me pede, não tenho dinheiro pra dar!
Escola! Esmola!
Favela, cadeia!
Sem terra, enterra!
Sem renda, se renda! Não! Não!!
Muda que quando a gente muda o mundo muda com a gente
A gente muda o mundo na mudança da mente
E quando a mente muda a gente anda pra frente
E quando a gente manda ninguém manda na gente!
Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura
Na mudança de postura a gente fica mais seguro
Na mudança do presente a gente molda o futuro!
Até quando você vai ficar levando porrada,
até quando vai ficar sem fazer nada

Um comentário:

  1. Se a Promoção em Saúde depende do estímulo à autonomia e ao empowerment, como, então,trabalharmos em Saúde para que essas condições se estabeleçam? Os estudos são unânimes em afirmar que, diferente da informação sobre os determinantes em saúde e sobre os comportamentos saudáveis, ajudar as pessoas a pensarem criticamente sobre si, as suas condições de vida e os caminhos que as levam a viver melhor dependem de estratégias Educacionais. No entanto, a que se pensar quais serão as ferramentas (pedagogia) para que a Educação estimule a autonomia e o empowerment. De fato, educar deve se, nesta perspectiva, um caminho para que as pessoas pensem mais e melhor. Como fazer, quais estratégias usar? Seguramente na próxima aula teremos que falar sobre isso...

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