sábado, 21 de abril de 2012

Autonomia e empowerment - aula 19/04/12


Um dos princípios utilizados como base na Promoção de Saúde é o da autonomia. Para os profissionais de saúde, o termo autonomia está diretamente relacionado com funcionalidade, ou seja, de uma forma simplória com base no modelo biomédico que descarta as dimensões biopsicossociais, esta denominação determina o estado em que o indivíduo tem ou não dependência de outras pessoas para executar suas tarefas.
Conforme Fleury-Teixeira et al.,  a ideia de autonomia conduz o pensamento à ideia de liberdade e de capacidade de exercício ativo de si, da livre decisão dos indivíduos sobre suas próprias ações e as possibilidades de construir suas próprias trajetórias na vida, favorecendo o incremento das capacidades funcionais dos indivíduos.
Autonomia também pode ser considerada a capacidade humana de agir com base em escolhas possíveis seguindo uma determinada lei moral. Opção de fazer ou não fazer o que se deseja sempre pensando no que é melhor para todos.
De uma forma mais abrangente, a ideia de autonomia está relacionada com liberdade, capacidade de promover escolhas e tomar decisões. As formas de se exercer autonomia, não só tem relação com “desejo”, mas também de poder optar por “abdicar” das vontades, de acordo com que o indivíduo julgar necessário.
Em se tratando de Promoção de Saúde, Segundo Fleury – Teixeira, P. et al. (...) é a atuação para ampliação do controle ou domínio dos indivíduos e comunidades sobre os determinantes de sua saúde. Identificamos aí o eixo das ações promotoras de saúde, o que nos permite localizar a autonomia como categoria norteadora da atuação em promoção da saúde. Podemos dizer, portanto, que a promoção da saúde busca ampliação da autonomia de indivíduos e comunidades; esse é, a nosso ver, o cerne da proposição de empowerment individual e coletivo.
Esse poder de decisão ou autonomia dos indivíduos deve ser considerado nas estratégias de Promoção da saúde. Os profissionais que trabalham com estas estratégias devem auxiliar as pessoas a terem autonomia para tomar decisões, fornecendo ideias, conceitos e opções que melhor se enquadram a realidade e a intenção de cada indivíduo.
Com a autonomia a população tem a oportunidade de desenvolver sua cidadania e a consciência do direito à vida em condições de dignidade. Vale ressaltar que a autonomia depende da liberdade, quanto menor a liberdade, menor será o poder da autonomia
O “Empowerment” como conjunto de fatores e atitudes que tem como propósito ampliar a autonomia individual e coletiva, proporciona aos indivíduos o exercício de independência, liberdade, autossuficiência, responsabilidade e escolha. Estas atitudes ampliam a percepção dos indivíduos de forma pessoal, e também como parte integral de um determinado grupo ou classe social.
Carvalho SR, 2004 menciona “Empowerment” como conceito complexo que toma emprestado noções de distintos campos de conhecimento. É uma ideia que tem raízes nas lutas pelos direitos civis, no movimento feminista e na ideologia da “ação social” presentes nas sociedades dos países desenvolvidos na segunda metade do século XX.
Outra categoria conhecida como empowerment” comunitário traz em si a característica de um elemento-chave de politização das estratégias da Nova Promoção à Saúde. Esta abordagem trabalha com a noção de poder enquanto
um recurso, material e não-material, distribuído de forma desigual na sociedade, como uma categoria conflitiva na qual convivem dimensões produtivas, potencialmente criativas e instituintes. A sociedade é constituída de diferentes grupos de interesses que possuem níveis diferenciados de poder e de controle sobre os recursos, fazendo com que processos de “empowerment” impliquem, muitas vezes, a redistribuição de poder e a resistência daqueles que o perdem.

Para que todo esse sistema funcione como uma perfeita engrenagem, se faz necessário que exista educação esteja envolvida neste contexto, pois segundo Morin apud Santos LM a educação deve contribuir para a autoformação da pessoa (ensinar a assumir a condição humana, ensinar a viver) e ensinar a tornar cidadão.

Concluindo, as estratégias de Promoção à Saúde devem ir além de intervenções baseados na melhora fisiológica, tanto de forma individual, quanto de forma coletiva. Além disso, devem ser levados em consideração os fatores ambientais, socioeconômicos e culturais, nas estratégias que devem proporcionar aos indivíduos a possibilidade de exercer sua consciência social, e de desenvolver a capacidade de reconhecer suas necessidades para fazer escolhas. Portanto, englobam-se nas estratégias de Promoção da Saúde além de melhoras na condição biológica, o desenvolvimento da consciência social, o desenvolvimento da consciência em relação ao ambiente, e o exercício de participar efetivamente das ações do governo, visando melhoras na qualidade de vida.

Mário Sérgio Cortela - Qual a tua obra? 



Mário Sérgio Cortela - Ética e Moral 
 
  

Estratégia para mudança de comportamento



2 comentários:

  1. Empowerment pode significar a criação de estratégias para construir algo capaz nos trazer mais espaço para uma vida melhor. Podem ser coisas pequenas, mas significa um comprometimento importante com o coletivo. Quando cada um faz a sua parte, pensando no ganho coletivo que isso significa, tanto mais ganhamos como indivíduo.
    Reforçando o que temos no nosso cronograma, seguem os três textos. Deem conta também das suas anotações pois, como foi na avaliação anterior, elas também farão parte da nossa próxima avaliação. Caso alguém de outro grupo queira colaborar para que tenhamos uma síntese ampliada desta aula, por gentileza, poste aqui e assine, ok? abçs

    CARVALHO,S.R. Os múltiplos sentidos da categoria "empowerment" no projeto de Promoção à Saúde
    Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(4):1088-1095, jul-ago, 2004

    SANTOS, L.M; DA ROS, M.A.; CREPALDI, M.A.; RAMOS,L.R.Grupos de promoção à saúde no desenvolvimento da autonomia, condições de vida
    e saúde. Rev Saúde Pública 2006;40(2):346-52

    FLEURY-TEIXEIRA,P. ET AL. Autonomia como categoria central no conceito de promoção de saúde Ciênc. saúde coletiva vol.13 suppl.2
    Rio de Janeiro, Dec. 2008. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232008000900016&script=sci_arttext

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  2. Estive refletindo sobre o "empowerment" e me questionando sobre a sua visualização prática cheguei a conclusão de que ele é o resultado de uma série de ações que diferentes grupos de profissionais, governo, micro e macro estrutura, podem fazer para que as pessoas possam se "empoderar" de sua vida, sua casa, sua saúde, sua rua, suas práticas de atividade física e para isso precisão ter condições de exercer sua autonomia, no exercício de decidir os caminhos que de fato quer seguir, mas embebedado de características e conhecimentos que lhes sejam fornecidos. Fiquei pensando, "empowerment" dar a pessoa o poder de decidir pelo sim pelo não sobre tudo aquilo que faz parte de sua vida, inclusive o direito de optar por uma vida saudável ou não, desde que consciente das consequências dessa decisão para a sua vida e para a vida das outras pessoas. (Michele Santos).

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